sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Perdida e Salva"

Muito bom dia, queridos!
Estou querendo dizer estas palavras há uns três dias, mas o tempo foi escasso. Graças a Deus que a cada manhã há sempre uma nova oportunidade de recomeço! :-)
O título deste post refere-se à uma música contida no novo CD de Sandy, Manuscrito.
Caso queiram ouvir enquanto façam a leitura (eu recomendo!), o link da música na rádio Uol é este: http://www.radio.uol.com.br/#/busca/sandy+perdida e salva.
Minha intenção aqui não é elogiar ou criticar de forma negativa, não é fazer uma análise. Não é, dentre vários estilos musicais, escolher um que mais me agrade e defendê-lo. Não estou falando como fã. Eu já fui fã da Sandy. Na adolescência comprava revistas e CDs só porque eram dela (e do Junior, à época). E como eu sempre gostava do trabalho, comprava de novo, e assim sucessivamente. Havia a admiração, claro, mas havia o "automático" também.
Até que eu percebi que o que eu sentia quando ouvia suas músicas ou a admiração que eu tinha pelo trabalho deles não era relacionado somente a um momento artístico do mundo no qual eu vivia. Era também pessoal, era algo que falava mais intimamente com meu ser... Não era só uma admiração de ouvinte/artista. Tinha a ver com postura de vida... Explico!
A arte tem a função não somente de permitir que o artista expresse o que sinta e, com isso, se equilibre. Mas a linda função de exteriorizar impressões, desejos e sentimentos comuns a muitos de nós, e que haja uma cumplicidade, uma identificação entre seres, além de sentirmos a bênção de sabermos que não estamos sozinhos, que outros entendem o quê sentimos. A arte enobrece o ser humano. Ela eleva aquele que faz, aquele que aprecia, e também une pessoas.
Nota-se que somos seres heterogêneos. Então, haverá diferentes tipos de artistas, de arte e de apreciadores. Por isso, o respeito que devemos sempre ter por um tipo de arte que não apreciemos. Mas podemos notar que muitas vezes os diferentes tipos são apenas diferentes formas de dizer a mesma coisa. Portanto, qualquer forma de arte, principalmente as que nos elevam a níveis conscienciais melhores, devem ser respeitadas. "Será ela errada, ou serei eu quem não a entende?", deveria ser, sempre, o questionamento antes de consolidarmos uma crítica degenerativa.
Concordo com a idéia de que cada ser humano é um Universo. Cada ser é único e tem características específicas, mas todos fomos criados com as mesmas condições de evolução, os mesmos mecanismos. Eu posso gostar de verde, você do amarelo e ele do azul, mas o amor é amor para mim, para você e para ele, ou a raiva. Mesmo que em diferentes níveis.
Temos o bem e o mal dentro de nós. Chega-se o tempo de percebermos que por mais que o meio interfira, depende de nós mesmos escolhermos qual desses lados iremos incentivar. E qual esconder ou reformar. O destino é o Bem. O sofrimento vem deste conflito ao tentar suplantá-lo.
Se formos olhar para a história da humanidade, perceberemos que o Homem tem evoluído não apenas em higiene, tecnologia, medicina, construções, etc... Houve um avanço moral. Comíamos uns aos outros, procriávamos por instinto e mesmo há pouco tempo casava-se assumidamente por dinheiro. Hoje matar é crime, há leis e cuidados que protegem índios, idosos, crianças e adolescentes, entre outros direitos; medidas de preservação ambiental e as uniões, embora em outras culturas ainda sejam mais "rudimentares" e em nossa cultura ainda haja o casamento por dinheiro (escondido, por não ser bem aceito), em geral permitem que haja liberdade de escolha e maior grau de consciência. Isso é evolução. E este processo é contínuo.
Portanto, do mesmo modo como quem nasceu há cinquenta anos atrás e viu certas mudanças ocorrerem, nós também não ficaremos parados no tempo, como muitos ainda pensam e agem como se assim fosse. Nós, seres humanos, temos dificuldade em ampliar os horizontes e só conseguimos enxergar o que já sabemos ou vemos.
Se antes o homem puxava a mulher pelos cabelos e mal articulavam palavras, hoje podemos abrir nossa boca não somente para comer ou balbuciar sons, mas também para, acompanhado da ternura no olhar, dizer "Eu te amo". E não somente para o marido ou a esposa, mas para o filho, o amigo, o pai, a mãe, o órfão, o abandonado no asilo, o morador de rua, o animal magrinho e por aí vai. Se saímos de pontos inferiores e chegamos a este ponto, podemos sair de onde estamos e ir mais além.
Com as possibilidades que as facilidades tecnológicas, as relações comerciais, a liberação sexual, a participação ativa da mulher na sociedade deram ao Homem, nossa coletividade facilmente se viu atraída para usufruir do que possa, hoje!, já que ainda somos rústicos espiritualmente e enxergamos apenas o que vemos ou sabemos. Ainda é uma tendência nossa o "fácil", o imediato, e mesmo o ruim, pois é uma herança de nosso passado como Humanidade e da tendência do meio em que vivemos hoje. Neste cenário, o egoísmo ganhou espaço. Não apenas o egoísmo de não dividir seu dinheiro com ninguém. Mas o egoísmo como um todo. O pensar somente no "eu". E isso reflete-se, claro, nos relacionamentos.
Na busca pelo prazer efêmero, na falta de auto-conhecimento para entender a razão de uma angústia ou de um medo, busca-se no outro as ausências que temos em nós mesmos. E, nessa necessidade de preencher este vazio que só cabe a nós mesmos preenchermos, quando amamos, mais esperamos que o outro faça que estamos dispostos a doar. Ainda não sabemos amar incondicionalmente...
Os mais impulsivos trocam de parceiros a todo instante e chamam isso de liberdade, de modernidade. Mas é fuga. Os mais bem-intencionados até querem um relacionamento mais sério, mas procuram a "alma gêmea" no sentido enganado: como se fôssemos "meio ser" e só conseguiremos ser pessoas completas quando encontrarmos o outro. A felicidade, então, depende, ainda, de fatores externos, somente de quando esta segunda pessoa aparecer. Isso também é fuga.
Eu acredito em outra conotação de "alma gêmea"... O "gêmea" não seria levado em seu sentido literal, mas como uma força de expressão... Dois indivíduos, inteiros, em busca de evolução, um dia têm a dádiva de, num determinado momento da Vida, poderem desfrutar da companhia um do outro. São "gêmeos" não por serem literalmente iguais, mas por serem tão parecidos, harmonizados e por terem afinidades compatíveis, idéias, pensamentos e sentimentos semelhantes que poderiam ser denominados "gêmeos". E, juntos, individuais mas não mais sozinhos, continuam trilhando seus caminhos. Juntos crescem e evoluem. Até que, felizes, não saibam mais guardar esta felicidade somente para si e passem a precisar ajudar aos outros e espalhar este sentimento. Quem ama não consegue ser feliz sozinho.
Eu sempre acreditei neste tipo de amor. No começo era simples, eu era criança, depois adolescente e isso ainda era "permitido". Até usava as formas erradas de expressar isso... rs... Já fui exageradamente romântica, mais preocupada com a forma, com o gesto, que com o conteúdo, com quem o fazia; acreditei em "príncipe encantado" e me iludi muito, mas não vem ao caso falar dos fatos de minha vida. Hoje, porém, eu percebo que, por mais que fosse imatura e usasse a forma errada, a essência era a mesma.
O tempo passou e hoje eu vejo que eu precisava dessas formas, dos fatos, para chegar até aqui... Eu percebi que em vez de me afastar desta idéia, deste sentimento específico que eu trazia dentro de mim, conforme fui ficando adulta e o "normal" seria ficar mais "racional", eu passei a entendê-lo melhor. Meus horizontes também se abriram...
Passei a ouvir as mesmas músicas com outros ouvidos... Hoje meu ouvido me permite ouvir uma música tão harmônica quanto "Perdida de Salva" (o arranjo de cordas somado ao piano e à letra formam uma composição perfeita...) e entendê-la tão profundamente... É impossível não sorrir! :D Ela me transmite paz... Claro que o estado de espírito ajuda, mas há os dias em que eu estou "fechada", desanimada, e este tipo de manifestação artística me eleva.
Por tudo o que tenho aprendido, principalmente nos últimos anos, quando eu ouço músicas como esta ou várias outras, da Sandy ou não, eu me pergunto: será que são as músicas dela que são, como eu li algumas vezes, "água com açúcar", "melosas", por trazerem um amor "ingênuo" ou "infantil" e "alienado", pois quando a relação cai na rotina, na vida adulta, fica impossível pensar assim e pessoas como ela são "fora da realidade" e estão pregando uma utopia, ou será que todos aqueles que falam de um amor mais depurado, mais sublime, já conseguiram ir além e mesmo na rotina ou na dureza do cotidiano, conseguem sair um pouco do "modo como as coisas funcionam" e lutam um pouco contra o externo, superando-se e buscando dentro de si o que há de bom, cultivando um relacionamento, depurando em cada vivência o amor que sentem, e serão eles, então, sonhadores sim, mas não daqueles que não entendem a vida, mas aqueles que vão a outros mundos mais nobres e vêm trazer um pouco deles para nós, a fim de que nós também cheguemos até eles, o que seria, na verdade, ampliar o conceito de "entender a vida"?
Divagações à parte, rs..., eu disse esta semana à minha irmã que se meu livro fosse filme (pois é, eu sonho alto... :P), esta música seria perfeita para a minha personagem Anabella. A música é "feita" para uma trilha sonora e encaixa com a personagem, com a história... É linda!
Existe uma diferença entre viver no mundo dos sonhos e não realizar nada, usando a fé como desculpa para a ociosidade, e ter os pés no chão, viver aqui, fazer o que deve ser feito, aproveitar a oportunidade de aprendizado, mas sem se desligar de conceitos Maiores... Encontro-me na busca por este equilíbrio...
Por isso, agradeço a presença destas pessoas que seguem e fazem não somente o que o mundo pede, mas também o que o íntimo manda, independentemente do número de elogios ou "nãos". Eles seguem, fazem, até que um dia possamos ser dignos de entendermos sua mensagem.
Que Deus Ilumine a todos!
Com amor, esperança e fé,
Camila Pigato

3 comentários:

  1. Oi camila, li o seu post e gostei. eu gostaria que mais pessoas do mundo pensassem como voce, que houvesse um interesse nas pessoas para buscar esse amor sincero e que nao fosse como é na realidade, cada um vivendo o seu egoísmo e individualismo.

    bjoos,
    Thaís

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  2. Olá, Thaís! Fico feliz que tenha gostado, entendido. Tenho certeza de que com o tempo, cada vez mais pessoas passarão a pensar assim... Fique com Deus,
    beijos,
    Camila

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  3. Oi, Camila! Nossa senhora, esse eu achei que não leria inteiro, mas li. hehe. E eu achando no começo que você ia analisar o novo CD da Sandy. hehe.

    Bom, difícil comentar tudo isso rapidinho, porque na verdade você tocou em vários assuntos interessantes. Fato é que concordo contigo em diversos aspectos. Fiquei com o lance de que algumas coisas são "ingênuas" para o "adulto" que já caiu na mesmice dos relacionamentos, etc. Coisa pra pensar, ou como diríamos em inglês, food for thought.

    bjo

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